Comportamento Agressivo na Escola
Por Larissa Fonseca*
Pais, educadores e instituições de ensino deparam-se com situações recorrentes nas quais as crianças e adolescentes manifestam comportamentos e atitudes agressivas, uso do poder, intimidação e brigas com colegas no dia a dia da Escola.
A agressividade, do ponto de vista do desenvolvimento humano, pode ser considerada como um mecanismo de defesa daquele que se sente impotente ou acuado, com dificuldade em se impor diante de alguma situação, ou até mesmo de se expressar de modo a ser compreendido e respeitado pelo outro. Existem algumas outras razões que podem ser consideradas para tais comportamentos, como questões culturais, sócio-econômica, saúde física e mental, histórico familiar (tanto em relação ao referencial de educação, quanto hereditariedade) e até fatores biológicos.
O fato é que ninguém nasce socializado. É preciso aprender a se socializar ao longo da vida e é na infância que esse aprendizado se dá de modo mais efetivo. A socialização da criança e do adolescente é um processo gradual, e construído nos diversos ambientes em que estão inseridos. Assim, instruí-los a usarem sua energia, muitas vezes desprendida com atitudes agressivas, de modo equilibrado, como impulso de determinação e não como reação a frustrações é um grande ensinamento que pais e educadores devem proporcionar a eles.
É importante ressaltar que, existem alguns comportamentos que são característicos de cada idade, como por exemplo, até os 6 anos, é comum crianças reagirem à determinadas situações com tapas, mordidas, gritos e chutes. Isso pode acontecer tanto em situações de conflitos como também significar uma tentativa de aproximação (no caso de crianças de 1 a 3 anos) dado que ainda não sabem bem como expressar seus sentimentos e agir em grupo.
No entanto, independente disso ser ou não uma atitude característica, é imprescindível que, desde o início, mesmo os pequenos de pouca idade, os pais e educadores orientem e coloquem limites diante desses comportamentos agressivos manifestados.
A escola detém uma importante parcela na construção do processo de socialização da criança dado que é nela que a mesma tem a oportunidade de vivenciar situações reais que “desafiam” suas habilidades sociais, desde pequenas disputas por brinquedos, espaços e atenção dos adultos, até maiores desentendimentos.
Assim, sempre em parceria com os pais, a construção do conceito de coletividade, o desenvolvimento da tolerância à frustração, a descoberta de formas saudáveis de resolver problemas e conflitos, devem ser objetivos tão importantes a serem alcançados quanto os chamados conteúdos escolares.
E o que fazer na prática?
Tanto Escola quanto família devem, desde o início, trabalhar e incentivar a construção coletiva de regras de convivência, a elaboração e apresentação diária de uma rotina estruturada, seja de aula ou de atividades domiciliares, valorização do potencial da criança, um planejamento de atividades motivadoras, o reforço positivo diante das atitudes da criança, a busca por modos aceitáveis para resolução de conflitos e de expressão de sentimentos, a construção e estreitamento de vínculo afetivo, suporte emocional e coerente referência moral e ética de comportamento, juntamente com a segurança física e emocional.
E para garantir essa segurança física e emocional?
Por mais que muitas vezes os pais sintam-se tentados a defenderem seus filhos com “unhas e dentes”, por mais que dê aquela vontade de tirar satisfações com os pais da “criança agressora” de seu filho ou até mesmo com a própria criança, no ambiente Escolar, quem deve fazer e mediar essas intervenções é a equipe pedagógica. Jamais incentive seu filho a reagir com força física a provocações externas.
Sem dúvida alguma, os pais devem estar sempre atentos aquilo que acontece com seus filhos no ambiente escolar e ensiná-los a se defenderem nas diversas situações, inclusive nas que forem agredidos ou provocados. No entanto, o modo como devem manifestar e reagir a essas situações é que é um dos mais importantes ensinamentos.
Incentive seu filho a, ao invés de “partir para a briga”, chamar o agressor ou o provocador para resolver as diferenças em uma partida de futebol, ou então em um campeonato de vídeo game, num jogo de basquete, uma corrida de bicicleta, enfim. Marque reuniões com coordenação e direção da Escola, individualmente e juntamente com os pais da criança ou adolescente agressor. Converse com seu filho ressaltando sua indignação e desaprovação em relação ao comportamento do outro, apontando atitudes que ele deve tomar e reforçando seu apoio para solucionar tais questões rapidamente.
Incentive seu filho a, ao invés de “partir para a briga”, chamar o agressor ou o provocador para resolver as diferenças em uma partida de futebol, ou então em um campeonato de vídeo game, num jogo de basquete, uma corrida de bicicleta, enfim. Marque reuniões com coordenação e direção da Escola, individualmente e juntamente com os pais da criança ou adolescente agressor. Converse com seu filho ressaltando sua indignação e desaprovação em relação ao comportamento do outro, apontando atitudes que ele deve tomar e reforçando seu apoio para solucionar tais questões rapidamente.
Lembre-se de que, ao aceitar comportamentos agressivos, independente da razão, você estará ensinando a seu filho que isso é aceitável e justificável e, em outra ocasião, seu filho pode se tornar o agressor ou até mesmo se envolver em brigas físicas que lhe causem danos maiores. Assim, tomar atitudes igualmente agressivas para coibir a criança não funciona, mesmo que sua intenção seja “mostrar o quanto dói”, fazê-lo sentir o que possivelmente o outro sentiu, etc. O mais indicado é sempre evitar usar esse recurso na resolução dos conflitos.
E não vale querer ensinar seu filho a não bater no outro ou indignar-se por ele ter apanhado de um colega, se em casa você faz uso desse recurso para impor limites com tapinhas, puxões de orelha, etc!
Certamente não existem fórmulas mágicas para resolver essa problemática. No entanto, existem sim, muitos caminhos alternativos viáveis e apropriados para solucionar ou ao menos amenizá-la.
Por isso, ensine seu filho ou aluno a desenvolver maturidade e o senso de autoridade pessoal em situações de crise para que opte sempre pelo uso do bom senso, respeito, objetividade, diplomacia, firmeza e até compaixão no momento e evite prejuízos individuais e coletivos.
*Larissa Fonseca é Pedagoga graduada pela USP, pós graduada em Educação Infantil e Psicopedagogia, Psicomotricista em formação, com especialização no Universo do Brincar pelo centro de estudos filosóficos Palas Athena e em Psicanálise e Educação pelo Instituto de Psicologia da USP. Especialista em comportamento e desenvolvimento Infantil, trabalha há 14 anos com educação escolar. Atualmente atua como diretora pedagógica de uma instituição de ensino bilíngüe além de ministra cursos e palestras para pais e professores sobre diversos assuntos relacionados ao universo infantil. Participou como especialista convidada do Programa Papo de Mãe sobre "brigas na escola" exibido em 12.02.2012. Contatos: larissa@educacaoemacao.com.br, www.larissafonseca.com.br
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