segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Drogas e consequencias...

DROGAS
Ellen Rodrigues

Este texto é baseado nas análises da Psicanalista Maria Rita Kehl, feitas no Programa Café filosófico.
Maria kehl, inicia suas analises dizendo: “ a toxicomania está denunciando os problemas sociais contemporâneos”, pois o problema da droga demonstra o grau do sentimento de onipotência entre os jovens, e que está vinculado a problemas de família, condições sociais como a pobreza ou riqueza, violência e etc... o que os fazem querer sentir-se em efeito de completude.
Sigmund Freud destaca que “é impossível enfrentar a realidade o tempo todo, sem nenhum mecanismo de fuga: embriaguez, fantasia, vícios em geral,” todas essas válvulas de escape pode os levar a tornar-se viciado, é o caso por exemplo das pessoas que tomam remédios regularmente, que é uma droga licita, porém pode levar a morte, no caso do arsênico que em doses pequenas é curativo, no entanto pode ser letal em grande quantidade.
Essa questão do escapismo pode estar relacionado a diversos fatores que não somente as drogas, pois acreditar numa religião ou em alguém muito amado por exemplo pode ser caracterizado como ma espécie de escapismo, onde a pessoa encontra no outro uma fuga de si mesmo, uma forma de proteção, perdida desde de que ganhou autonomia de sua mãe, que por sinal será ela única no mundo e na sua vida que lhe protegerá fielmente, e nesta busca constante de substitui-la você acaba por tornar-se dependente de algo ou alguém, que no caso daqueles que não conseguem este alguém de referência e proteção acaba por encontrar-se nas drogas.
O que há em comum nas toxicomanias? Seria o objeto simbólico que para a psicanálise há um desejar contínuo que move a vida humana, que cria objetos simbólicos, a Droga no caso não é um objeto de desejo, mas sim um objeto de satisfação, objeto de prazer que torna-se uma necessidade e esses mesmos objetos de necessidade estão relacionados aos imperativos ligados a violência, ninguém mata por um objeto de prazer, mas de necessidade.
Na maioria das vezes as perguntas que levam o jovém a se drogar estão diretamente relacionadas a sua existência como por exemplo: Quem eu sou?, O que me falta?. Assim a nossa cultura acaba por responder a estas perguntas sugestionando as drogas, pois esta mesma cultura acredita que é preciso viver sem nenhuma dor, destacando que a vida é só sucesso e prazer, desta forma ela a cultura produz modos de sofrer, oque acaba levando o jovem a buscar uma religião cristã por exemplo, que prega que sofrer é uma provação, que então é passageira, e que te ajuda a sofrer, te conforta, e isso numa numa visão bem cética da causa em questão.
O Romantismo que também é um modo de sofrer, e quando falo de romantismo não estou falando propriamente no romantismo das novelas atuais, que o homem beija a mulher, mas no romantismo do século XIX, onde o ato de sofrer produzia nas pessoas reflexão, produção de poesis romântica sem saudosismo ou improcrisia.
A cultura contemporânea impõe o individualismo hedonista dos prazeres, o que nos leva a solidão absoluta. A sociedade capitalista que já fora no século XIX, uma sociedade onde o prazer estava em trabalhar bastante para poder possuir e acumular bens , acaba por chegar no século XX, embalada pela reviravolta da economia mundial que dita que agora estamos no momento de gastar o que conseguimos acumular, pois merecemos e os imperativos destes consumos se dirigem a todos, sem distinção de cor ou estatus social, que sabemos que nem todos estão aptos a consumir pelas condições financeiras, os levam assim ao mundo das drogas, pois a droga dá a sensação de substituição de tudo que o usuário não pode ter.
Outro fator que muitas vezes leva a depressão e a perda de alguma forma de um ente querido, seja por morte ou ausência, que não deixa de ser uma espécie de luto, bom o fato é que o luto não é uma depressão patológica, é um período normal, que a pessoa sofre por um tempo até se acostumar com a perda, mas que poder levar alguém a ter como uma desculpa para o uso da droga.
A falsa idéia que a droga produz é o de bem estar, livre da subjetividade.
E quando nos referimos a drogas e crianças, nos deparamos com o fato que quem usa drogas, não sabe o perigo que está passando.
As crianças são instrumentalizadas pelo mercado e pelos pais a adquirir aptidões, ou seja a virem a se tornar o “homem ideal”.
As crianças atualmente tem pouco tempo de ócio, pouco tempo de fantasia, o espaço de brincar de imaginar de ser criança é o que nos dá riqueza humana, hoje a maioria das crianças estão distante de tudo isso que as fazem crianças, que as fazem viver sua infância, acabando por serem aduitizadas e pulando as etapas que são peculiares a quem vive ou viveu o sentido de ser criança.
O adolescente é a grande vítima desse imperativo de gozo cultural e a publicidade é a porta voz desse imperativo e o jovem é eleito a gozar.
Sabemos que viver a adolescência é difícil diante de toda a complexidade que as rodeia, e a droga é um caminho aberto para os adolescentes, pois a mesma relacha o superego daqueles que se acham fora da turma, excluído do processo por algum motivo que seja.
O esporte poderia ser uma sugestão de saída deste mundo de drogas, porém metaforcamente falando o esporte atualmente repassa aos jovens um sentido de droga, pois procura demonstrar prazer e competição que não deixa de ser um “efeito de droga”, isso quando torna-se incontrolável a vontade de ganhar de ser melhor, o que torna muito parecido com o sentido de onipotência que a dorga produz no jovem.
O mundo do no limits, é o mundo da droga, seja no esporte, na dança, enfim... o esporte só terá valor quando o mesmo estiver somente vinculado ao lazer, ao trabalho em grupo, o que faz o jovem a se deparar com boas emoções e bons exemplos.
E quando nos referimos ao trabalho em grupo vem a discussão enquanto ao Vazio da vida, que também produz adesão as drogas, a experiência grupal, de grupos de jovens, movimentos sociais é satisfatório aos jovens, isso por que tem um sentido, uma causa, que não seja as drogas, e que dificilmente os levará a estes caminhos, pois a convivência e cultura produzida os levará a reflexão de criação de grupos de referência ideológica, de formação de opinião.
Enquanto a legalização das drogas Kehl inicia seu discurso sitando novamente Freud, que diz: “Onde há proibição há um desejo”, portanto a falta de proibição diminui o uso, poré vale ressaltar que essa decisão de legalização tem que ser a nível mundial, pois quando nos referimos ao Brasil, nos deparamos com uma rota do tráfico, que se houvesse a legalização por exemplo só no Espaço referente ao brasil seria a destruição do resto do mundo, pois facilitaria ainda mais o tráfico, haja visto que quase toda droga mesmo com a proibição passa pelo o território brasileiro, sua legalização somente em território restrito, seria um irresponsabilidade das autoridades competentes do caso.
Levando em consideração que o tráfico de drogas mata mais que overdose a legalização em escala mundial, não só diminuiria as mortes, como também traria a responsabilidade do livre arbitro, pois a pessoa que viesse a usar responderia por seu ato, sabendo que a droga é legal, mas vicia, mata, as campanhas antidrogas teriam mais dimensão.
A cultura contemporânea só dispõe de duas portas para a vida adulta, que é a do Shopping, que é a chamada porta sem graça, e excludente e a da droga, que ilusoriamente produz satisfação e mata. Enquanto os pais são influenciados pela cultura do consumismo/hedonismo, quando ele fantasia que seu filho tem que usufruir de tudo que ele não usufruiu, essa nossa fantasia favorece o caminho da “droganição”.

Ela termina sua palestra destacando uma fala que diz:

“As crianças hoje tem pouco tempo de ócio, pouco tempo de fantasia. É isso que nos dá riqueza humana.”

Maria Rita Kehl